Maior ilha do Caribe, Cuba é singular, com seu passado estampado nas construções históricas, que vão do barroco ao neoclássico, do art nouveau ao déco – em edificações, diga-se, nem sempre bem conservadas. Descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, permaneceu sob domínio espanhol até 1898, quando foi negociada com os Estados Unidos, tornando-se independente quatro anos depois – o que não impediu que a influência americana na economia e na política do país durasse quase seis décadas, até que a Revolução Cubana, comandada por Fidel Castro, pôs fim à ditadura de Fulgencio Batista, em 1959. O domínio comunista de Fidel Castro sobre a ilha levou ao embargo de produtos do mundo capitalista, o que faz com que um passeio pelas ruas da capital, Havana, dê a impressão de que ainda estamos nos anos 50. Carros antigos conhecidos como rabo de peixe, a exemplo dos Cadillacs, são vistos por todo lado e podem até ser alugados por intermédio da empresa governamental Grand Car.
Bares e músicos da velha guarda são ícones do país. Basta lembrar o sucesso do lendário Buena Vista Social Club, que levou grandes artistas nativos de volta aos palcos depois de serem reapresentados ao mundo pelo premiadíssimo documentário do cineasta alemão Wim Wenders. Visitar Cuba e suas belas praias como Varadero e Cayo Largo é quase uma aventura. Com infra-estrutura em frangalhos, ruas mal iluminadas, transportes precários e improvisados e economia em que imperam o mercado negro e o desabastecimento, fica sempre no ar a pergunta de como estará a ilha daqui a cinco ou dez anos. Difícil saber. Na dúvida, o momento é agora.
Havana
Parada indispensável para qualquer pessoa que visite o país, Havana impressiona dos dois lados. Positivamente pela sensação de realmente estar de volta aos anos 1950, com carros antigos e coloridos pelas ruas, cercadas de prédios ainda praticamente da mesma forma que foram deixados na época da revolução, em 1959.
A impressão negativa é a de sujeira, com a falta de revitalização de edifícios e vias. De qualquer forma, os prédios e carros antigos e os “bicitaxis” (bicicletas com lugares para o passageiro na parte de trás), somados à maresia, dão à capital cubana um ar único.
Entre as paradas obrigatórias está o Museu da Revolução e o Malecón (avenida beira-mar). Na capital também é possível visitar tradicionais fábricas de charutos e comprar rum de ótima qualidade.
Um dos passeios que costumam ser procurados pelos viajantes é o que leva às montanhas de Sierra Maestra, onde Fidel Castro comandou guerrilhas no final dos anos 1950.
Varadero
Os 22 km de areias branquinhas e sol quente durante todo o ano fazem de Varadero o sonho de quem quer relaxar na praia. As águas calmas e azuladas, com barquinhos a vela colorindo o horizonte, deixam qualquer um tão calmo que o esforço de sair da espreguiçadeira para fazer alguma coisa tem que ser gigante. Mas vamos lá! Varadero também tem muito a oferecer além dessa calmaria toda. De parques a shoppings centers, saltos de paraquedas a passeios de mergulho – opções não faltam para os mais exigentes turistas.
É possível aproveitar a praia pela manhã, quando o sol bate mais forte, almoçar num dos restaurantes que beiram a areia, e depois fazer uma escolha diferente por dia. À noite, vale jantar num restaurante com música ao vivo e depois sair para a festa que fizer seu gosto. E, para não esquecer daqueles que costumam perder o horário, estendendo a soneca que era para durar apenas uma tarde: em Varadero há vários estabelecimentos que ficam abertos 24 horas por dia.
Localizada na Península de Hicacos, a aproximadamente 140km de Havana, capital de Cuba, Varadero tem atrações, hotéis e restaurantes que fogem ao conceito socialista de simplicidade que pregamos à ilha. Mas não são somente os mais endinheirados que podem se dar ao luxo de passar uns dias nessa terra. Há variedade também para todos os bolsos. Se não puder bancar um dos resorts all-inclusive, pode ficar nos hotéis menores, ao oeste da península, ou mesmo alugar apartamentos voltados para turistas.
A cidade tem por volta de 18.000 habitantes, mas recebe, por ano, uma média de 500.000 visitantes. Isso não é à toa, já que é enorme o tamanho da infraestrutura local voltada diretamente ao turismo. Mas o mito de que Varadero não é para cubanos é, de fato, somente um mito. Muitos residentes de Cuba escolhem a região para passarem a lua-de-mel ou as férias com a família. A diferença está na escolha da hospedagem e dos restaurantes, já que o poder aquisitivo deles é bem menor que o dos canadenses que se concentram por ali.
É possível também ter contato com os habitantes locais e a cultura socialista. Como as casas particulares (residências de cubanos que alugam quartos para turistas) e os paladares (refeições servidas e vendidas em moradias de cubanos) são proibidos, pela lei cubana, em áreas de resorts, o convívio com eles pode ser menos intenso. Por outro lado, é dificílimo não acabar conversando com o garçom da praia (que pode ser também um lutador profissional de judô!), a recepcionista do hotel ou mesmo o vendedor do supermercado. Depois de mais de dois dias indo ao mesmo quiosque, pode se preparar que o moço que aluga suas espreguiçadeiras já estará se considerando seu melhor amigo. Não tem jeito, os cubanos são assim, com essa maneira extrovertida e espontânea de ser (para alguns, até demais).
À noite, há várias festas e shows com presença de muitos residentes. É outra oportunidade para intercambiar com as pessoas que fazem parte da excêntrica cultura dessa ilha mais que peculiar. A verdade é que se você se permitir sair um pouquinho do circuito luxo-turismo, será impossível não entrar em contato com os simpáticos cubanos. E pasmem: os habitantes de Varadero são muito mais favoráveis ao socialismo do que os de Havana!
Mas não se preocupe. Afinal, ninguém vai à Varadero para ficar preocupado. Passe um bom filtro solar, pegue a toalha e aproveite tudo que a cidade tem a oferecer.
Santiago de Cuba e Trinidad
Outra cidade bastante popular é Santiago de Cuba, mais ao oriente da ilha, conhecida por festivais de música e uma vida agitada.
Listada como patrimônio cultural pela Unesco desde 1988, Trinidad é um município muito apreciado pelos turistas por suas charmosas casas coloniais, ruas de pedras, cavalos e charretes e vida noturna agitada, com casas de música ao vivo e discotecas. Fica a cerca de 350 quilômetros ao oriente de Havana.
De Trinidad é possível visitar a Praia Ancón, de mar calmo e água cristalina, que fica a cerca de 12 quilômetros do centro. Muitos turistas alugam bicicleta para ir pedalando, por indicação de guias de viagem, mas há um ônibus que faz o trajeto por um preço acessível. Também é possível fechar pacotes em agências de turismo fazer trilhas em montanhas com lindas cachoeiras.
Também reconhecida como patrimônio mundial pela Unesco, a charmosa cidade de Cienfuegos é um prato cheio para os amantes da arquitetura francesa. O centro da cidade possui uma praça com uma catedral, rodeada de edifícios e ruas que dão acesso a um pequeno porto em uma baía. Charretes e cavalos passam com frequência. Possui também um parque ecológico onde é possível observar inúmeros flamingos e flora local.
Santa Clara
Perto dali, a 280 quilômetros de Havana, fica Santa Clara, conhecida como a cidade do “Che”. É opção para admiradores de Che Guevara, onde há um memorial do herói revolucionário e também é possível visitar o local onde os rebeldes descarrilaram um trem, num ato essencial para a queda do ditador Fulgêncio Batista, na época da revolução.
Valle de Vinales
Do outro lado, 180 quilômetros a oeste de Havana, fica Valle de Vinales, uma calma vila montanhosa de belas paisagens, onde é possível fazer passeios a cavalo, conhecer cavernas e visitar plantações de tabaco.
Cayo Coco / Cayo Guilhermo / Cayo Largo
Os turistas em busca de praias de areias finas e claras e mar cor verde-esmeralda podem conhecer os cayos. Entre os mais conhecidos estão o Cayo Coco e o Cayo Guillermo, que ficam um do lado do outro, famosos por terem sido bastante visitados pelo escritor americano Ernest Hemingway, que viveu em Cuba.
Não há ônibus para o local e é preciso ir até uma cidade próxima, geralmente Morón ou Ciego de Ávila, e atravessar até a ilha de táxi, o que torna a visita um pouco “salgada”. No local também não há casas particulares e o turista que quiser ficar perto da praia terá de pagar a diária em um resort — há opções mais econômicas em locais distantes, mas exigem prévia pesquisa. A vista e o mar, contudo, compensam o sacrifício. No Cayo Guillermo, uma das praias mais procuradas é a Pilar, com um mar calmo e água cristalina.